Foi, ao longo de 15 anos, um dos rostos mais carismáticos da estação de Carnaxide. "Perdoa-me" ou "All you need is love" lançaram-na para o que parecia ser lugar cativo naquela antena. Entretanto, em Setembro deste ano, Fátima Lopes trocou o programa "Vida Nova", por uma nova vida no canal da concorrência.
Três meses depois, à frente do programa "Agora é que conta", a apresentadora de 41 anos afiança sentir-se já "parte da família TVI."
Por outro lado, não poupa elogios ao trabalho de Conceição Lino na SIC, que ficou responsável pelas tardes daquela estação. "Tal como eu, está a ter oportunidade de mostrar outra faceta. É uma belíssima surpresa", comenta. Adianta ainda que o seu maior gosto é fazer programas de entrevista.
Que balanço faz da sua carreira na estação de Queluz?
Muito bom. Aliás, toda a gente me pergunta isso e, mesmo antes de eu responder, comentam: "Com o sorriso com que estás, não deixa dúvidas". Corre tudo lindamente, gosto de trabalhar com a equipa com que trabalho, com as pessoas da TVI, e quando digo pessoas refiro-me à direcção de Programas, à administração do canal, com a qual tenho uma óptima relação, aos meus colegas da Endemol que produzem o programa diariamente. Estou a trabalhar com gente com quem é fácil trabalhar, com quem se economiza muito tempo. E eu sou muito pragmática, logo, gosto de pessoas assim, ágeis. Estou como peixinho na água.
Um dos grandes responsáveis pelo seu ingresso em Queluz, André Cerqueira, abandonou recentemente o cargo de director de Programas. Como olhou para esta saída?
Obviamente que me custa que tal tenha acontecido, porque era a pessoa com quem eu contactava mais directamente. Mas também percebo que nesta fase da vida do André outros valores se levantem. Portanto, dada a situação em que o pai se encontrava e a responsabilidade que o seu cargo exigia, não podia conciliar as coisas. Ele teve a humildade de colocar as suas funções à disposição. Vou continuar a ser amiga dele, e a trabalhar com ele também. Aprendi muito com o André. Ajudou-me imenso a encontrar o registo certo para este formato, na minha adaptação à TVI, abriu-me as portas. É uma pessoa extraordinária, e sou sempre grata a quem me ajuda.
Sente alguma nostalgia em relação ao registo que tinha na SIC?
Não sou uma pessoa nostálgica, nunca fui. Acho que a minha carreira profissional é construída pela soma de muitas coisas. Sempre disse que o registo em que agora me encontro é passageiro, e outros projectos aí virão. Aquilo em que me sinto mais à vontade, e em que tenho mais experiência, é sem dúvida em programas de entrevistas. Há 15 anos que o faço e de certeza vou voltar a fazer, é inevitável.
É um dado adquirido, já com contornos precisos?
Não. Só que olhando para um percurso como o meu não faz sentido não colocar uma profissional como eu nesse trabalho. A minha vinda para a TVI aconteceu porque eu tenho um projecto de carreira. Ou seja, não só sei o que estou a fazer agora, como sei qual é o caminho que está traçado para mim. E era esse caminho que me seduzia. Não vim por causa de um projecto, vim por causa de vários.
Este projecto não tem vindo a corresponder totalmente às expectativas relativamente às audiências...
Há dias em que as audiências são melhores do que em outros, o que é algo perfeitamente normal. Acontece também com outros formatos de registo de conversa. Parece-me que este tipo de conteúdos é mais exigente, no sentido de que tem de se reciclar todos os dias para poder ser sempre interessante e apetecível para o público. Tem de haver constantemente jogos e desafios novos.
Portanto, esgota-se com alguma facilidade.
Se não houver capacidade de estar sempre a mudar. E nós isso temos feito. Estamos sempre a introduzir novidades e a mudar as regras, exactamente para quando o espectador liga o ecrã ter curiosidade para ver o que vai suceder naquele dia. Isso dá bastante trabalho, fazendo com que às vezes os resultados sejam melhores, e outras vezes, menos bons. Mas é a lei da vida e a mim não me preocupa.
Está realizada com o que se encontra a fazer neste momento?
Sempre me senti realizada com todos os projectos que fiz. Tal como não sou nostálgica, também não sou uma pessoa que esteja aqui e com suspiros em relação ao amanhã. Sou muito pés bem assentes na terra. Quem vive assim, vive sempre em ansiedade e nunca desfruta do presente. Só aproveitando cada momento é que faz sentido, senão é um passar pela vida e não um viver a vida.
Foi dona das manhãs e tardes da SIC e tinha um público muito leal. Qual tem sido a reacção das pessoas?
Sou e sempre fui muito acarinhada pelas pessoas. O que mais referem é que nunca me tinham imaginado a fazer um programa assim, sempre aos pinotes e aos saltos. Perguntam-me se não me canso e eu respondo que entretanto já me habituei. Ao princípio custava-me, mas agora não. Não tenho razão de queixa das abordagens que me fazem na rua.
Mas os espectadores ainda estranham vê-la na antena de outro canal.
Acho que sim. Foram muitos anos, e sempre associada àquele género de formatos. As pessoas estão a aprender a aceitar que há outra Fátima para lá daquela que conheciam, que, no entanto, cá continua e voltará.
Tem sido um desafio interessante? Está a testar-se?
Sim, pois eu própria não tinha noção de até onde conseguiria estar, a nível de entretenimento, uma hora e meia sozinha, isto é, quase sem interargir.
Fala-se de um novo formato que estará a ser preparado para si. Pode adiantar alguma coisa?
Não posso. Não confirmo nem desminto, para já não posso dizer nada. Mas 2011 será, por certo, um ano bom.
NOTÍCIA E FOTO JN