A poeira está ainda longe de assentar, mas passados que estão dois dias sobre o aparecimento da polémica, não posso deixar de tecer alguns comentários sobre o que tenho lido, visto e ouvido.
Antes de mais, cumpre dizer que não estou surpreendido com nada do que alegadamente aconteceu. Lamento porém, a aparente fragilidade da fonte de Mário Crespo e que despoletou tudo isto.
O público em geral continua sem saber que fonte foi essa. Se foi profissional, se foi amigo ou se foi algum colega da SIC. Já se sabe que a conversa de Sócrates foi com Nuno Santos e Bárbara Guimarães, mas hoje mesmo, o director de programas da SIC já veio dizer que a conversa não se terá passado tal qual Mário Crespo a descreve.
Ainda assim, há certas coisas que são demasiado básicas e às quais um Primeiro-Ministro tem obrigação de estar atento. Independentemente do que foi realmente dito, que lógica tem para o comum dos mortais, ir fazer queixa de alguém a um colega da pessoa visada?
Digo novamente, independentemente do que foi dito - nem que fosse um simples: "Então e o Mário Crespo como está?" - chegaria inevitavelmente aos ouvidos do "visado" nem que fosse pelo peso institucional da pessoa que formulou a pergunta.
Posto isto, se entramos no campo da avaliação do trabalho da pessoa em causa, as probabilidades da conversa chegar aos ouvidos do "avaliado" aumentam exponencialmente, sobretudo se tivermos em conta o avaliador.
Assim sendo, como foi possível um Primeiro-Ministro não resistir à tentação de falar sobre Mário Crespo com um colega do próprio Mário Crespo? Esperaria ele que, por algum milagre, a conversa ficasse por ali? Parece-me ingenuidade a mais... A não ser que o objectivo fosse precisamente o de mostrar que "estamos atentos". Uma espécie de "aviso à navegação" que se descontrolou, ganhou dimensão, tornou-se público e ganhou contornos de escândalo.
Não sei como isto vai acabar, mas temo pela carreira fantástica de Mário Crespo. Os media tem poder. Muito poder. Mas perante certos "tubarões" muitas vezes, não conseguem resistir às "correntes". Na mente tenho uma frase que, em tempos, alguém disse: "Quem se mete com o PS leva!" Estaria ele a falar (também) dos jornalistas?