A RTP lançou a 27 de Julho de 2006 a plataforma tecnológica RTP Mobile, nas três operadoras (Vodafone, TMN e Optimus). A SIC e a TVI aderiram ao serviço mobile cerca de um ano depois, em Abril de 2007, arrancando inicialmente apenas com a Vodafone.
Apesar do tempo decorrido, o modelo de negócio definitivo da televisão móvel está ainda por decidir, uma vez que não há publicidade paga no telemóvel e que o dinheiro cobrado pela subscrição dos serviços é para as operadoras.
Segundo Carlos Vargas, director da RTP Mobile, "a questão da publicidade não está regulamentada. Primeiro tem que o ser e depois é preciso definir o modelo de negócio, incluindo as operadoras, pois é impensável que o dinheiro fique todo do lado dos broadcasters", explicou.
Apesar de o valor cobrado aos clientes pela subscrição do serviço ficar do lado das operadoras, estão em curso negociações para que haja repartição de proveitos, disse Carlos Vargas.
Segundo informação da TMN e da Vodafone, as duas operadoras cobram em média, para os canais genéricos, entre 0,9 euros por uma subscrição de 24 horas e 7,5 euros por uma subscrição de 30 dias.
Assim, os programas produzidos para a RTP Mobile são financiados com o orçamento global da grelha, explica Carlos Vargas, sublinhando que "o orçamento não foi aumentado por via do canal mobile, tendo-lhe sido apenas retirado um valor insignificante".
O objectivo primeiro da RTP é levar o serviço público a mais gente, mas também "preparar a empresa tecnologicamente para dar o salto para um novo tipo de plataforma que num futuro próximo comece a gerar as suas próprias receitas e se constitua nova fonte de proveitos".
Carlos Vargas não tem dúvidas de que o valor da publicidade vai ser no futuro muito superior às receitas das operadoras.
Também a pensar nisso, a RTP criou desde início uma emissão especificamente desenhada de raiz para o móvel, que alterna com programas em directo e em simultâneo, ou gravados.
Entre os originais da RTP Mobile, Carlos Vargas destaca um noticiário diário em língua inglesa, uma espécie de cartaz de cultura com temas fortes da semana (que podem ir desde um filme a uma exposição de pintura, passando por um desfile de moda), ou ainda um programa na área da cultura urbana, com temas como arquitectura, minorias étnicas ou Banda Desenhada.
Além disso - explica o responsável - "são programas que fogem à estética habitual, com muito grafismo e com um design criativo muito espectacular".
O modelo seguido pela SIC e TVI não passa actualmente por uma grelha específica para esta plataforma, mas por transmitir o mesmo que passa nos canais de televisão, bastando para isso desviar o sinal das emissões para o móvel.
Segundo João Pedro Galveias, director da SIC multimédia, nos períodos em que o canal está a transmitir programas que, por questões de direitos, não podem passar no telemóvel, como é o caso de séries ou filmes internacionais, "a substituição dessa zona de emissão é feita com programas gravados".
Quanto a programação específica para mobile, a SIC não a está a produzir neste momento, o que não quer dizer que não pondere e não o faça no futuro, adiantou.
"O problema é não haver massa crítica que nos permita fazer de início produtos desenhados para esta plataforma", afirmou João Pedro Galveias, sublinhando contudo a grande adesão que têm algumas transmissões em directo da SIC, como o futebol ou os globos de ouro.
A TVI também não tem programação específica para telemóveis, e neste momento não está sequer a ponderar desenvolvê-la, segundo fonte daquela estação.
A estação do grupo Media Capital limita-se assim a emitir a programação base de televisão em relação à qual tem direitos de transmissão, o que exclui logo à partida programas internacionais e jogos de futebol.
Quanto a audiências, as operadoras não divulgam dados, mas os visionamentos (número de vezes que o canal foi visto) têm vindo gradualmente a aumentar.
Segundo Carlos Vargas, na segunda semana de Abril a RTP Mobile acumulou um milhão e meio de visionamentos, o que equivale a mais de cem mil horas de visionamento.
As operadoras TMN e Vodafone confirmam que os canais generalistas nacionais, a par com os do desporto, são os mais visionados, mas não divulgam números concretos.
A Vodafone indicou apenas que entre Abril de 2007 e Março de 2008 registou cerca de cinco milhões de acessos a canais de televisão no telemóvel (o que traduz o somatório de todos os canais, e não apenas os generalistas nacionais).
A TMN afirma não ter esses números disponíveis para divulgação.
A Lusa tentou contactar a Optimus, mas nunca obteve resposta.
http://sic.aeiou.pt/online/admin/print?guid={E7989F57-6FD0-4661-A0A0-8AAF16C688FB}
Televisões portuguesas ainda não têm lucros dois anos depois do arranque das transmissões Dois anos depois dos canais portugueses terem passado a estar disponíveis em telemóveis, as televisões ainda não têm ainda qualquer lucro com este serviço, apesar de já registarem milhões de visionamentos.