Revista de Imprensa:
No momento em que completa dez anos à frente da TVI, José Eduardo Moniz admite que a entrega total à estação que elevou a líder de audiências “condicionou” a sua vida.
A 22 de Setembro de 1998, Moniz encontrou um canal moribundo, com 13% de share, e decidiu revolucionar o panorama audiovisual português. Criar 'uma informação que traduzisse o espírito de independência, de capacidade crítica e de distanciamento que entendíamos que faltava à televisão em Portugal e fazer uma televisão muito portuguesa' foram as metas traçadas pelo director-geral da estação. 'Apostámos fortemente em produtos de ficção, de modo a combater a predominância brasileira que existia', recorda. 'E introduzimos formatos diferentes, que as pessoas não conheciam, daí a aposta no ‘Big Brother’ na altura.' A TVI tem agora cerca de 30% de quota de mercado.
Teresa Guilherme foi um rosto marcante dessa nova TVI. Hoje, a apresentadora está à frente de um formato polémico na rival SIC. Sobre ‘O Momento da Verdade’, Moniz admite: 'Poderia ter tido este programa, e foi à TVI que ele foi proposto em primeiro lugar, mas, provavelmente, eu não tive dinheiro para comprar.'
‘O Momento da Verdade’ 'é caro de produzir', esclarece, 'e nós temos de fazer opções. Aquilo que é genuinamente português, como é a nossa ficção, e que desperta a criatividade nacional tem de ser prioritário. Obviamente que este é um formato por nós referenciado mas que na nossa lista de prioridades teve de ser deixado para trás'. 'Só uma estação com muito dinheiro, nas actuais situações de mercado, o consegue fazer', conclui.
À frente da estação líder de audiências, José Eduardo Moniz admite que essa não pode ser a meta de quem trabalha no sector privado, 'a primeira preocupação é garantir a sobrevivência das empresas'.
Defensor de uma televisão feita em português para portugueses, o director-geral da TVI nota que essa é uma tarefa do serviço público. 'Somos nós que estamos a gravar ‘Equador’ quando à RTP competiria fazer a adaptação, bem feita, de grandes obras da literatura portuguesa.' 'O que eu quero é que a TVI seja a televisão que mais se aproxima da realidade', diz. Por isso, à pergunta sobre para quando um novo ‘Big Brother’, responde: 'Porque não?'